sexta-feira, 29 de abril de 2011

ITINERÁRIO DE VIAGEM (com paisagens e sabores) um texto de Hélder Pacheco*


Sejamos sinceros: o movimento feminista foi sempre mal aceite pelo comum dos homens.
Para não ser acusado de zelo bairrista, vou sair do Porto para passar uma semana longe da mátria. Assim, sem qualquer hesitação, passo a elaborar o itinerário que faria escolhendo os Açores.
Começaria por Santa Maria. Quem a conhece? Disseram-me um dia que, além do aeroporto, não tinha mais nada. Que engano! Iria a Vila do Porto. Tentaria, numa das aldeias, comer um pouco de queijo fresco (no Ginjal?). Seguiria para Santo Espírito (a espantar-me com a igreja da paróquia, de emocionante barroco popular, e com o pequeno museu anexo, mostrando os objectos do homem comum - quase um ecomuseu - ainda existe?). Subiria ao Pico Alto, onde ficava um pedaço sem tempo a vê-lo passar sobre a ilha tranquila. Passaria por Santa Bárbara e depois - que lembrança! - ia retemperar os olhos na mais delicada das baías que encontrei, verdadeiro prodígio de paisagem construída, em S. Lourenço. Santa Maria vê-se num pulo e é tão bela...
Depois voaria (é como quem diz, sem ser pássaro, de avião) até S. Miguel. Não por causa da Ponta Delgada já rutilante de prédios altos que, para o meu gosto, está a ficar demasiado igual à arquitectura do nosso descontentamento urbano, mas a cidade das velhas ruas sossegadas, onde não há caixotes de betão. Sim. A cidade antiga e íntegra, aquela de que gosto. Ali, na Rua do Mercado, faria uma visita ao lojista de ananases e de cestos, cujo pai me ofereceu, há anos, pouco antes de morrer, um prato antigo, da Lagoa, onde todas as manhãs eu comia um ananás. Pequeno, entenda-se.
E, motivado pela beleza da faiança, iria à Lagoa reencontrar a lembrança das louças, e a Vila Franca comer queijadas. Extasiava-me nas Furnas, com as vistas. Seguia até ao Nordeste a ver as tecelagens, quase modernistas nos seus padrões geométricos, que lá fazem (ainda fazem?). Andava em roda da ilha (ou do mar?) só para passar na Achada e na Achadinha, nos Fenais da Ajuda e na Lomba da Maia, contemplando uma antologia de paisagem e arquitectura. Assim. Fora do tempo, na Ribeira Grande, comia o polvo com vinho de cheiro. Ia ao Bandejo comprar a mais pobre das sertãs - se ainda a fabricam -, feita de barro (a que tinha em casa, partiu-se). A Rabo de Peixe ia ouvir falar cerradamente os pescadores naquele português que quase precisa de tradução. E à Bretanha e aos Mosteiros. Nas Sete Cidades empanturrava-me de beleza e, no Pinhal da Paz, da cor-de-rosa das azáleas. Miríades de azáleas.
A seguir passava-me para a Terceira, ia logo, directo como um tiro, à Serra do Cume, a tentar ver o Vale da Achada «destapado» de nevoeiro. Descia ao Porto Judeu e comia o safio frito de uma tasca antiga que lá há e, pelo caminho, ia olhando a arquitectura mais do que vernácula dos impérios das freguesias todas. Mas em S. Sebastião parava uma vez mais a contemplar aquele gótico estranho da Matriz rural, perdido nos confins atlânticos. E Angra? Ah!, onde estão os olhos para a abarcar? Do Monte Brasil, do Porto de Pipas, do miradouro da Memória... Percorrer as ruas oitocentistas e aquela praça magnífica onde está a Câmara. E o Jardim Público. Em Angra, além da arquitectura e do génio urbano, fazia as honras ao alfenim, ao bolo do caco e a uma alcatra (que, meus senhores e minhas queridas senhoras, comida da boa, da natural, é cultura e identidade). E até era capaz de ir de propósito a S. Mateus, só para comer cracas puxadas da concha por um gancho de metal exclusivo de tal operação. A I seguir, daria a volta à ilha, por Santa Bárbara, Doze Ribeiras
Serreta. 0 Raminho, os Altares (na estrada, existe um sítio donde, num dia claro se vê S. Jorge e o Pico). Nos Biscoitos enchia-me da paisagem onde plantam as vinhas. E visitava o Museu da memória vinhateira e lá comprava - ao menos - uma garrafita de verdelho. E, se fosse no Verão, procurava assistir, nas Lages, a uma sessão de cantorias.
Depois ia para o Faial. Da Horta, digo aos amigos que nuncalá foram: «É cidade onde se pode comer no passeio.» A limpeza é chão, é ar, é água. São os olhos das pessoas vendo o Pico ao amanhecer? £ ao crepúsculo? E vê-lo - como há anos, em absoluto êxtase, o contemplei, num certo Dezembro, antes do Natal - a furar, coberto de neve, o algodão das nuvens? (Uma vez, tive azar, durante uma semana esteve sempre coberto. Mas, finalmente, ainda descobriu - maravilha azul-cinzenta ou verde? - na manhã em que me vinha embora.) Na Horta, ia ao Porto Pim recordar os portos das epopeias dos baleeiros, e ao Monte da Cuia. E ia revisitar a casa onde viveu D. Albertina, aquela casa tranquila junto ao parque - onde está um dos mais bonitos coretos dos jardins portugueses - e recordava os dias (onde vão eles...) em que lhe pedia para recortar uma renda de papel (sóis, filigranas ou sonhos tecidos?), arte nobilíssima e esquecida de que, nesta pressa de agora, já nem nos apercebemos que existe.
Subia à Espalamaca, a mirar a cidade lá do alto. A mirar, longamente, outra vez o Pico, do outro lado do canal. A mirar aqueles espantosos moinhos holandeses pintados de vermelho. E falar com o moleiro. Ia à Praia do Almoxarife tomar banho na água aquecida pela Golf Stream. Seguia por Pedro Miguel (nome de gente e de lugar) até à ponta da Ribeirinha. No Salão visitava o mais temo dos cemitérios, pequeno, sobre o mar (um cemitério com qualidade de vida, que inspiraria um poeta romântico). Ia aos Cedros, à Praia do Norte e, sobretudo, espantava-me com a natureza que se mantém natural, nos Capelinhos e na Ponta do Varadouro, onde há aquelas termas estranhamente caseiras! A seguir Castelo Branco, a Feteira (onde saboreava a linguiça com inhame e pão de milho) Sabiam que lá existe uma filarmónica chamada Lira e Progresso Feteirense? Este programa vai longo, mas, como tenho um fraquinho pelo Faial, ainda passava pelos Flamengos, que são espécie de oásis na paisagem interior. E subia à caldeira do vulcão, de onde se vê tudo quanto é ilha, mundo é mar.
Corria a apanhar a lancha, na doca (na passagem bebia um trago de angelica -bonito nome de bebida! - no bar do Peter) e rumava ao Pico (oxalá não haja «mau tempo no canal»). Fotografava o ilhéu deitado e repimpava-me, na Madalena, no pequeno restaurante da saída para S. Roque, a degustar uma «gadanhuda», ou seja, um cavaco, que é lagosta pequena e, em época de vacas magras, sabe à dita verdadeira. E ainda me atrevia a dar a volta a meia (que para mais não dá o tempo) à ilha, até à Calheta de Nesquim e às Lajes. Entretanto, pela tarde, fazia as honras a um queijinho ecológico, de leite de vaca não plastificada... Passou-se o tempo. E S. Jorge? E a Graciosa? E as Flores? E o Corvo? Um dia voltarei para lá ir. Nem que seja daqui a um século. Ou a mil anos. Voltarei...
Porquê os Açores? Porque, tirando o Porto, onde ainda há ruas com cultura, estou a fartar-me do cimento armado, que, de lés-a-lés, cobriu o país, e das estradas onde os psicopatas campeiam, do alumínio anodizado e do pavoroso expositor de azulejos de quarto de banho em que transformaram muitas das nossas vilas. Da fealdade das urbanizações estapafúrdias que começam a encher-nos o horizonte. Os Açores, pela simpatia e a simplicidade de muita gente, sobretudo anónima e sem tiques cosmopolitas, que lá conheci. Nem interesseira, nem normalizada ao turismo subserviente. Pelo céu, azul, o mar e as flores. Os cheiros naturais, os silêncios, o cair da tarde com aromas de terra e não de celulose ou de monóxido de carbono. A água fresca, o leite fresco, o doce fresco. As pessoas frescas (e espero que assim continuem), que nos dão humanidade em troca de boas palavras. Ia aos Açores. Como acho que isto de encantamentos, a havê-los, devem ser concretos e terreais, o meu (e cada qual deverá manter o seu, escondido, numa gaveta do lado esquerdo, cá dentro) seria adormecer na paz dos anjos numa daquelas casas com lareira de grande chaminé, na Terceira (ou no Faial?), com vento mareiro a entrar pela janela...

* escritor e professor no Instituto Cultural D. António  Ferreira Gomes, in fonte nº3


quinta-feira, 28 de abril de 2011

PAULO REIS (1960 2011)


Faleceu PAULO REIS, professor de Arte Contemporânea no ICAFG.

Editor e director da revista Dardo. Crítico e comissário. Director artístico da Casa d’Os Dias da Água em Lisboa; comissário adjunto do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e assessor cultural do Museu da República. Foi ainda editor assistente do jornal Rio Artes, crítico de arte na revista Manchete, jornalista do Jornal do Brasil e na Folha de São Paulo, redactor da revista Viva Música!

No ano passado foi o curador da Paralela 2010, mostra realizada por galerias paulistanas durante a 29.ª Bienal de São Paulo. Em 2000, foi curador, com Ruth Rosengarten, da exposição Um Oceano Inteiro para Nadar, com trabalhos de artistas portugueses e brasileiros, na Culturgest.

Actualmente era professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto e no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes.

Alguns dos projectos a que esteve ligado:

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"A Primavera", de Vivaldi

Cinco cantoras cantam "A Primavera", de Vivaldi, no estilo capella, ou seja, sem orquestra.
Repare que, vocalmente, reproduzem com perfeição os sons executados normalmente por um conjunto de instrumentos.
Um show de originalidade, técnica e coordenação.


Há outras interpretações... É só escolher.

Rui Cunha

Um video com o poema "Ser Mulher" do livro Lua Enevoada de Lourdes Costa

Um Haiku de Maria Aurora Pereira

ICAFG - Visitas Culturais para o Mês de Maio

Sintra


Dias 6 e 7 de Maio de 2011

Palácio e Jardins de Monserrate
Chalet da Condessa de Edla
Convento dos Capuchos
Convento e Jardins de Penha Longa.
Apresentação do espaço Gabriela Llansol
Serão Cultural com o Prof. Doutor João Barrento e a Drª. Celeste Alves.

Visita Cultural orientada pela Drª. Celeste Alves




Redondo / Serra d'Ossa



Dias 27 e 28 de Maio de 2011

Visita Cultural orientada pela Drª. Celeste Alves


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os Cafés do Porto




Sobre os cafés do Porto encontramos um excelente texto da autoria de Maria Teresa Castro Costa que pode ser lido AQUI.

Os portuenses, eu ainda sou desse tempo, gostavam muito de frequentar os cafés, pois era lá que se discutia de tudo, desde a política ao “football” e das pequenas histórias de bairro aos acontecimentos mundiais.
Por vezes havia tertúlias por profissão (médicos, arquitectos, comerciantes) por ideias políticas ( estas normalmente as mais acaloradas) e outras.
Enfim um hábito que se perdeu em grande parte porque os tempos mudam, mas que a televisão ajudou a desfazer.

Para aguçar a vontade de ler o texto completo transcrevo alguns parágrafos.


"As primeiras "casas de (tomar) café" apareceram em Meca, Arábia, no princípio do século IX da era Maometana (que começa em 622 da era Cristã).
Rapidamente se espalharam pela Turquia, pelo Egipto e, mais tarde, pela Europa. Em Veneza surgiram em 1640. Em Marselha, no ano de 1654. E, pouco depois, em Paris. Alguns cafés de Paris com music-hall, concertos e
Em Portugal os primeiros botequins (designação primordial dos cafés) surgem em Lisboa em 1777.
No Porto, remontam ao início do século XIX. Almeida Garrett escreveu:
"O viajante experimentado e fino chega a qualquer lugar, entre no café, observa-o, examina-o, estuda-o, e tem conhecido o País em que está. O seu Governo, as suas Leis, os seus Costumes, a sua Religião. Levem-me de olhos tapados onde quiserem. Não me desvendem senão no Café, e prometo-lhes que em menos de dez minutos lhes digo a terra em que estou, se for país sublunar."

De facto, a história dos Cafés do Porto é um espelho da vida económica, social, cultural e artística da cidade, durante os séculos XIX e XX.
A arquitectura e a decoração dos cafés atestam a vida económica da cidade e são um reflexo das correntes artísticas das diversas épocas. As obras de arte neles incorporadas (escultura, painéis, vitrais, murais) têm a assinatura de artistas conceituados da cidade.
A volta da bebida "negra como o inferno, doce como o pecado, quente como o amor", como dizia Vicky Baum, sempre se juntaram políticos, artistas, escritores. As Tertúlias dos Cafés foram decisivas, antes dos poderosos meios de comunicação actuais, na formação de correntes políticas, artísticas e literárias.




1. Os Botequins do Séc. XIX
Os primeiros botequins de que há notícia no Porto, datam de 1820. São eles: •     O BOTEQUIM  DO Sr.  FRUTUOSO - no Largo da  Porta de Carros, encostado à muralha Fernandina, frente à Igreja dos Congregados.
O BOTEQUIM DAS HORTAS - na Rua das Hortas (hoje Rua do Almada) esquina com a Rua da Fábrica. Este botequim existiu 60 anos - até 1880.
Era frequentado sobretudo por comerciantes da Rua das Flores e Rua dos Clérigos. Era conhecido por servir um óptimo café.
Ramalho Ortigão escreve a seu respeito:
"O velho Botequim das Hortas, em que à noite se jogava o Loto, a vintém o cartão, e que, ao abrir-se uma das suas portas envidraçadas, guarnecidas da cortininha de cassa branca, enchia de um picante perfume de calda de capilé e de café torrado a rua toda"

Outros botequins existiram ainda na Ia metade do séc. XIX. Os mais famosos foram:
•      O BOTEQUIM DA NEVE - Na Rua de St° António
•      O GUICHARD - Na Praça Nova
•      O  BOTEQUIM  DA PORTA DO OLIVAL - No  Largo do Olival  (Hoje Cordoaria)
•      O BOTEQUIM DO PEPINO - No Muro dos Bacalhoeiros (Ribeira)
•      O BOTEQUIM DO AMARO - No Muro da Ribeira
•      O BOTEQUIM DA NEVE, assim denominado por servir sorvetes (que só então se tornaram um hábito dos portuenses) era preferido pelos libertinos da época.



O blogue Cafés Emblemáticos do Porto, também tem muita informação com fotos muito bem conseguidas e pode ser encontrado AQUI.

Rui Cunha

quinta-feira, 14 de abril de 2011

As Pontes do Douro um filme António Vasconcelos



Mais um pequeno vídeo realizado na oficina da cultura pelo aluno do ICAFG António Vasconcelos, uma ideia que surge a partir de uma palestra realizada em 2008 na Unidade Cultural "Arquitectura e Urbanismo" do Prof. Dr. Jose Tedim.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amiga Solidão, um poema de Maria Laura



Amiga Solidão

Passeava a solidão pelas ruas da cidade:
Olhar longe, afastado do movimento.
Sem sequer cruzar com quem cruzava,
Via passar quem passava
Como ondulação na paisagem que o cercava.

Sem senti-me só,
Acompanhado que ia pela sua solidão,
Os seus passos corriam vagarosos
Num andar pando
Que não cansa nem descansa.

Desembocou num largo:
Grupos muitos e diversos,
Gente a falar, a conversar
Num dançar de afectos
E troca de opiniões.

Chegou.
Olhou.
Olhou agora de bem perto.

E sem conseguir integrar-se,
Sentiu-se então sozinho,
Sozinho na multidão;
Sozinho como nunca se sentira
Na companhia da sua solidão.


Maria Laura





Porque hoje é sábado, um poema de Manuel Paulo




Porque hoje é Sábado
parei a lembrar o que hoje pensei.

Estou lixado
porque agora sou lixo.

Deixei o passado onde está
e pulei ao futuro
porque agora sou lixo.

Parei de pensar o que sou,
quando volto ou se vou
porque agora sou lixo.

Deixei a revolta entalada
na porta da entrada
porque agora sou lixo.

Parei de contar as estrelas,
de sonhar acordado
porque agora sou lixo.

Deixei de contar as moedas,
de pô-las de lado
porque agora sou lixo.

Parei de dar murros na mesa
que o que resta é tristeza
porque agora sou lixo.

E quando o carro passar
para me levar
eu vou deixar.
Que do adubo que eu for
eu verei nascer uma flor.

E jamais serei lixo


Hector Berlioz e Les nuits d'été





Hector Berlioz (1803-1869) foi um notável compositor francês do Sec. XIX.

Muito célebre no seu tempo como maestro viajou pelos principais teatros europeus da França, Bélgica, Alemanha, Inglaterra, Hungria e Rússia.

Mas na verdade compôs uma longa e extraordinária obra musical, muito tocada nas actuais casas de música.

Da sua obra destaco a muito conhecida e maravilhosa Sinfonia Fantástica, um belo e majestoso Requiem, um Te Deum, a Sinfonia Fúnebre e Triunfal, várias óperas e canções.


Neste post pretendo destacar o lindíssimo ciclo de canções LES NUITS D’ÉTÉ, sobre 6 poemas de Théophile Gautier, intitulados : Villanelle, Le Spectre de la rose, Absence, Sur les lagunes, Au cimetière e L'Île inconnue, compostos para piano e voz, mais tarde orquestrados por si.


Vamos ouvi-los interpretados pela excelente meio-soprano inglesa Dame Janet Baker (1933) cuja carreira decorreu dos anos 50 a 1982.


Dedicou-se à ópera, à oratória e ao lied.


Das 6 canções LES NUITS D’ÉT, gravadas em 1972, só apresento 5, pois a primeira tem graves problemas de gravação. Felizmente estão legendadas na língua original, o que muito nos ajuda a entender o ambiente que Berlioz pretendeu transmitir.














RuiCunha

sexta-feira, 8 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Aspectos Curiosos da Língua Portuguesa"




T E R T Ú L I A, Com o Dr. Magalhães dos Santos*

“Aspectos Curiosos da Língua Portuguesa” (casos interessantes de etimologia popular)

3ª. feira, dia 12 de Abril de 2011, às 17 horas

* Filólogo e jornalista, tendo sido Director do Pelouro Cultural do Centro de Cultura e Recreio da Oliva durante 20 anos. Dirigiu igualmente o Boletim Mensal do Centro Oliva.

Foi assim há 43 anos



71ª carta – Gaia, 30.3.68
Meu amor:
Estou agora muito atarefada. É quase meio-dia e vou entrar à uma. A mamã saiu. Estou a fazer o meu almoço à pressa. Mas queria dizer-te que recebi as fotografias todas. Falar-te-ei delas em pormenor, mas agora não posso. Queres almoçar comigo? É pescada estufada e puré de batata, gostas?
Ontem, quando saí do correio, às cinco, fui a tua casa mostrar as almofadinhas e as fotografias que já tinha recebido. Acabei por jantar lá. Estão todos bem.
Um momento, vou ver como vai a sopa.
Parece que está quase tudo pronto.
(O Mário e a Antonieta andam aqui de volta de mim, querem ver as fotografias, querem as cartas, querem-te a ti. Mandam um beijinho e perguntam quando voltas.)
Esta semana vou mandar-te a moldura e quero juntar-lhe também algumas amêndoas – é Páscoa.
Meu amor, fico por aqui.
Um beijinho muito carinhoso da tua
Lourdes


10-4-68
Querida Lourdes: 
Acabo de receber uma carta, um cartão (a desejares-me boa Páscoa) e a encomenda. Antes de ler a carta não resisti em abrir, primeiro, o pacote, para ver o que continha. 
Já saboreei algumas amêndoas para matar saudades. Tê-las aqui é um luxo. Como não sou egoísta, distribui algumas pelos meus colegas do posto-de-rádio. Também veio a moldura. Chegou com o vidro partido, mas não te preocupes porque, na próxima quarta-feira, mando vir um de S. Salvador. O cromo, com o Mariozinho, é muito bonito. 
Li, então, a carta. Dizes, para além de outras coisas agradáveis, que a tua irmã, Lita, se encontra melhor. Para ela, os meus votos de um restabelecimento rápido.
Sobre o Dr. Barnard, cheguei a ler uma entrevista que ele deu à revista “Cruzeiro”. É, realmente, um génio! «Quando menino, o grande cirurgião de hoje, caçava ratos a pedrada para ganhar prémios, oferecidos pela guarda rural.» Aguardo com muito interesse, essa revista onde relata a sua chegada a Coimbra. 
Por falar em medicina: amanhã vou levar outra injecção contra a “mosca do sono”. De meio em meio ano lá temos que levar esta coisa, que, diga-se de passagem, não é nada agradável. Mas lá terá que ser.
Saudades
Beijos
Cesário


Excerto do livro Memórias da Memória de Cesário Costa que pode ser encomendado AQUI ou nas lojas FNAC.

Do Fundo do Baú

Praça de Touros da Boavista


O Público na Praça de Touros da Boavista



ICAFG - Visitas Culturais para o Mês de Abril





Dia 16 de Abril de 2011 (Sábado)

SEGREDOS, ENCANTOS E PROJECTOS DE REABILITAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DO PORTO - (Um outro olhar sobre a Vitória, Sé, S. Nicolau)

Visita Cultural orientada pelo Dr. Helder Pacheco
                
Partida: às 09h30 da Torre dos Clérigos





Dia 19 de Abril de 2011

Santiago de Compostela: Centro Galego de Arte Contemporânea - Visita à Exposição de artista brasileira, de origem italiana, Anna Maiolino

Visita Cultural orientada pela Profª. Doutora Fátima Lambert





Dia 28 de Abril de 2011

- Foz Côa - Museu
- Meda Coriscada - Vila Romana do Mouro
- Marialva - vestígios da cidade romana
           
Visita Cultural orientada pelo Prof. Doutor Armando Coelho

Inscrições Abertas e limitadas

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Maria de Fátima Martins entrevista Margarida Negrais




A propósito do lançamento do livro "Mig, a formiga Comodista" dia 9 de Abril de 2011, pelas 16 horas na Biblioteca Almeida Garrett (ao Palácio de Cristal), Maria de Fátima Martins entrevista a autora Margarida Negrais para o programa Conversas Soltas. Para ouvir entre  AQUI.