domingo, 31 de julho de 2011

Colóquio “Que Lugar Para os Seniores Hoje?”

“Que Lugar Para os Seniores Hoje?”
Terça-feira, 11 de Outubro de 2011.

na Fundação Eng. António de Almeida

 



Apresentação

            Este colóquio pretende responder à seguinte questão: como pode ser simultaneamente mais dignificante para as pessoas e mais útil para o País, o pleno aproveitamento da sabedoria dos mais velhos?

            De facto, a idade da reforma marca a vida de muita gente pela alteração que traz à vida pessoal. Diga-se que cerca de 20% da população tem mais de 65 anos e destes, 75% são pessoas válidas. Tem-se a noção que muitas continuam a desenvolver actividades úteis, frequentemente diferentes das que exerceram na vida profissional. A longevidade é, regra geral, uma condição de amadurecimento do ser das pessoas, pois há uma sabedoria única que faz dessas pessoas uma reserva cultural. É uma mais-valia nacional insuficientemente aproveitada. A questão que nos ocupa é alertar para que esse bem enorme se não perca e, pelo contrário, se torne aparente e mais influente.



Programa


09h00 – 09h10   -  Introdução ao Colóquio: Levi Guerra

09h15 – 09h45 - Conferência de Abertura:
                                                  Formas de Pensar o  Envelhecimento
                  Luís Oliveira Ramos.


Tema 1 (09h45 – 11h00)
Envelhecimento e preparação para a reforma.

Moderador: Rui Vaz Osório.

1. Capacidades que crescem e que diminuem no decurso da Idade
        António Leuschner

2. O Lugar da relegião na reforma
  João Carlos Major

3. Como preparar as mudanças para o período pós reforma
  Daniel Serrão

11h00 – 11h30 - Intervalo. Coffee break.



Tema 2 (11h30 – 12h45)
Sexualidade nos seniores: Pontos de vista.

Moderador: Walter Osswald.

1. A sua importância e as suas condicionantes
  Júlio Machado Vaz

2. Um ponto de vista fundamentado
Jaime Milheiro

12h45 – 14h30 - Almoço livre.


Tema 3 (14h30 – 16h30)
O Lugar dos Reformados e a importância da sua experiência profissional.

Moderador: Daniel Serrão
1. Na banca: Artur Santos Silva.
2. Na Indústria:  Renato Morgado.
3. Na investigação cientifica: Walter Osswald.
4. Na universidade:  Manuel Sobrinho Simões.
5. A perspectiva da Juventude: Hélio Alves.




Tema 4 (16h30 – 17h30)
A importância da visibilidade dos seniores.

Moderador: Francisco Espinhaço

1. Direitos de acesso e deveres de participação dos  seniores nos media
Frei Bernardo Domingues, OP

2. A importância da visibilidade dos idosos em eventos sociais e nos programas correntes nos media
Manuel Teixeira.



Presidência
Levi Guerra


Organização
Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes
O Quinzenário Cultural “As Artes entre as Letras”.


Comissão Organizadora
Levi Guerra, Nassalete Miranda, Maria Amparo Dias da Silva, Maria Aurora Pereira, Maria de Fátima Morgado, Manuel Mota Pereira, Maria Serrano Gonzalez, Maria de Fátima Martins, Miguel Marques e Manuel Lopes.


Secretariado e Inscrição
Cecília Almeida
Rua Santa Joana Princesa, 38, 3º
4150-667 PORTO
Tel.: 226 102 831 - Tel/Fax: 226 102 941

Membros do Instituto: 5 euros
Outras pessoas: 10 euros


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Unidades Culturais Breves no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes para o ano lectivo 2011-2012



1. Poesia e Dizer

Drª. Maria Celeste D. Sousa Alves (I.S.T.G.L.)

4ª. Feira: 10h00 - QUINZENAL

Outº./11: dias 12 e 19

Novº./11: dias 9 e 16

Dezº./11: dia 7


2. Conceito e história da Literatura Brasileira, com um mergulho em Guimarães Rosa, o revolucionador do vocabulário

Prof. Alves Pires, s.j. (Fac. Filosofia da U. Católica de Braga)

2ª Feira: 10h00 - QUINZENAL - Início: 17 de Outubro de 2011

 3. Uma hermanêutica minuciosa de "Os sonetos completos de Antero", "O livro de Cesário Verde", o "Só de António Nobre" e a "Clepsidra de Camilo Pessanha"

Prof. Mário Garcia, s.j. (Fac. Filosofia da U. Católica de Braga)

2ª Feira: 10h00 - QUINZENAL - Início: 17 de Outubro de 2011


4. Tempo de Música

(Franz Liszt, Claude Debussy e Maria Callas)

Profª. Doutora Helena Marinho (UA) e Dr. Jorge Castro Ribeiro (UA)

6ª Feira: 10h00 - QUINZENAL - Início: 14 de Outubro de 2011


5. Ópera - do encantamento às lições de vida

Drª. Maria Fernanda Ferreira

6ª. Feira: 10h00 - QUINZENAL - Início: 7 de Outubro de 2011


6. À descoberta dos Mistérios do Universo

Profª. Doutora Teresa Lago (UP)

4ª. Feira: 10h00 - QUINZENAL

Outº./11: dia 26

Novº./11: dias 23 e 30

Dezº./11: dias 14 e 21

7. Temas de Arte Contemporânea de autores, ideias e obras (Artes Plásticas, Cinema e Literatura)

Profª. Doutora Maria de Fátima Lambert (ESSE/PP)   
2ª Feira: 14h30 - MENSAL

Setº./11: dia 26

Outº./11: dia 24

Novº./11: dia  21

Dezº./11: dia 12


8.  Ecos do Evangelho. Conversando com o Padre Jardim

2ª Feira: 17h00 - MENSAL

Outº./11: dia 17

Novº./11: dia 21

Dezº./11: dia 19


9.  Conversando com Luísa Dacosta

2ª Feira: 17h00 - MENSAL

Outº./11: dia 17 - Tema: "Sobre as raízes transmontanas da sua obra"

Novº./11: dia 14 - Tema: "Sobre as raízes marítimas da usa obra"


10. "Arte e Cultura Islâmica: do Califado ao fim do Império Otomano"

Dr. Daniel Basílio (UA)

3ª Feira: 15h00 - Início: 3 de Janeiro de 2012

Duração: de Janeiro a Junho de 2012


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cursos Práticos no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes para o ano lectivo de 2011-2012


1. Inglês coloquial

Nível 1: 6ª. Feira: 08h30 - Início: 23 de Setembro de 2011

Nível 1A: 4ª Feira: 10h00 - Início: 21 de Setembro de 2011

Nível 2: 4ª Feira: 15h00 - Início: 21 de Setembro de 2011

Drª Isabel Machado


Nível 3: 5ª Feira: 14h45 - Início: 22 de Setembro de 2011

Drª. Elizabeth Farag


2. Pintura aberta: novas perspectivas

Mestre Albuquerque Mendes

5ª Feira: 15h30 (3 horas) - Início: 6 de Outubro de 2011


3. Oficina livre de Desenho

Drª. Isabel Cristina Ribeiro

2ª. Feira: 15h00 -  Início: 10 de Outubro de 2011 


4. Conceber e reinterpretar as artes plásticas tridimensionais

Escultor Helder de Carvalho

5ª Feira: Das 10h00 às 12h30 - Início: 6 de Outubro de 2011


5. "Faça Você mesmo"

(História da Moda no sentido prático)

Drª. Paula Pacheco

2ª Feira: 10h00  - Início: 10 de Outubro de 2011


6. Oficina de Design

Drª. Gabriela Fontes

4ª. Feira: 15h00 - QUINZENAL - Início: 19 de Outubro de 2011


7. Curso de Fotografia

Prof. Jorge Rêgo

4ª. Feira: 15h00 - Início: 12 de Outubro de 2011


8. Curso de Conservação e Restauro

Drª. Célia Marques

3ª. Feira: Manhã : 10h00; Tarde: 14h30 (02h30)

Início: 4 de Outubro de 2011


9. Informática

Eng. João Leão

Início: Outubro de 2011

Iniciação (30 horas): 3ª e 5ª Feira: Das 16h30 às 18h30

Internet (20 horas): 3ª e 5ª Feira: Das 10h30 às 12h30
Internet (20 horas): 3ª e 5ª Feira: Das 14h30 às 16h30
     
Rever e actualizar (15 horas): 3ª Feira: Das 09h00 às 10h30

AULAS INDIVIDUAIS

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Johannes Brahms



Nascido em Hamburgo em 7 de Maio de 1833, cedo se tornou um menino-prodígio, dando o seu primeiro concerto aos 10 anos.
Conheceu o grande violinista Joseph Joachim, que se tornou um dos seus maiores amigos, e depois Liszt e Schumann.
Estes contactos foram da maior importância para a sua integração no meio musical alemão. Somente em 1868, com a apresentação do seu extraordinário Requiem Alemão foi reconhecido como um grande compositor. Na verdade tornou-se num dos mais importantes compositores do Século XIX.  
O célebre maestro Hans von Bülow referiu-se-lhe como um dos "três Bs da música", comparando-o a Bach e Beethoven. Faleceu em Viena em 3 de Abril de 1897.
Compôs 4 sinfonias, música orquestral, obras para piano, canções, música de câmara etc.
“Em 1890, após concluir o Quinteto de Cordas op. 111, decide parar de compor e até prepara um testamento. Mas não ficaria muito tempo longe da actividade; no ano seguinte, encontra-se com o célebre clarinetista Richard Mülhfeld, e, encantado com o instrumento e suas possibilidades, escreve quatro obras-primas, duas Sonatas para Clarinete e Piano, o Trio para Clarinete, Cello e Piano, e o Quinteto para Clarinete e Cordas, que está entre suas mais importantes peças de música de câmara.” (Wikipedia).
É precisamente esta última obra que hoje venho apresentar, pois que muito me agrada, muito especialmente o seu segundo andamento:
Quinteto para Clarinete e cordas Si menor, op. 115, interpretado pelo quarteto Guarnieri e o clarinetista David Shifrin, tocado em 27/6/2009 no Festival de música de Câmara, em Portland, Oregon.

1º. andamento – parte 1



1º.andamento – parte 2 e 2º andamento – parte 1




2º. andamento – parte 2



3º. andamento 



4º. andamento



Rui Cunha

terça-feira, 19 de julho de 2011

Unidades Culturais no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes para o ano lectivo 2011-2012


1. História do Brasil

Profª. Doutora Elvira Mea (UP)
5ª. Feira: 10h30 - Início: 6 de Outubro de 2011


2. Arqueologia

Arte Pré-Histórica da Península Ibérica: Evolução da gravura, pintura e escultura desde a arte paleolítica da Gruta de Altamira, Vale de Côa e Vale do Tejo até à arte castreja do Noroeste.

Prof. Doutor Armando Coelho (UP)
5ª. Feira: 15h00 - Início: 13 de Outubro de 2011

3. Conhecer o Porto - 2ª Parte

 A cidade extra-muros do burgo: das paróquias.
Setecentistas às juntas de paróquias do liberalismo.

Dr. Helder Pacheco
2ª Feira: 15h00 - Início: 19 de Setembro de 2011


4. Conhecer o Porto  - 3ª Parte
A cidade Oitocentista

Dr. Helder Pacheco
4ª Feira: 10h00 - Início: 21 de Setembro de 2011


5. Introdução ao Património Cultural em Portugal - 2ª Parte

Dr. Helder Pacheco
2ª Feira: 15h00 - Início: 19 de Setembro de 2011



6. Estudos Portuenses - 1ª Parte

História Social e Cultural do Porto: Uma abordagem interdisciplinar da evolução histórica, territorial e urbanística da cidade desde a doação do burgo (1120) até à actualidade.

Dr. Helder Pacheco
3ª Feira: 10h00 - Início : 20 de Setembro de 2011



7. Percursos pelos Livros Sapienciais

Rev. D. António Couto (Diocese de Braga)
2ª Feira: 15h00 - Início: 10 de Outubro de 2011



8. Património integrado: o azulejo em Portugal nos séculos XIX e XX

De Setembro a Dezembro de 2011

- Ordens Religiosas - Arte e Espírito

De Janeiro a Junho de 2012

Prof. Doutor José Manuel Tedim (U. Portucalense)
3ª Feira: 10h00 - Início: 20 de Setembro de 2011



9. Grandes Mestres da Pintura, Escultura e Arquitectura

Prof. Doutor José Manuel Tedim (U. Portucalense)
5ª. Feira: 10h00 - Início: 22 de Setembro de 2011


10. A criação artística no mundo contemporâneo

Prof. Doutor Eduardo Paz Barroso (UFP)
2ª. Feira: 10h00 - Início: 10 de Outubro de 2011


11. Literaturas de Expressão Portuguesa: aspectos temáticos e discursivos - 1ª. parte

Partindo da Literatura Portuguesa estabelecer-se-ão pontes com outras literaturas lusófunas, concretamente com a Brasileira

Profª. Doutora Isabel Ponce de Leão (UFP)
3ª. Feira: 15h00 - Início: 11 de Outubro de 2011



12. Oficina de escrita

"No papel amanhece uma palavra..."

Drª. Margarida Negrais de Matos
2ª. Feira: 10h00 - Início: 10 de Outubro de 2011



13. A Psicanálise e o Enigma do Ser Humano 

Dr. Luís Saraiva
4ª. Feira: 15h00 - Início: 12 de Outubro de 2011



14. Filosofia Aplicada: "A gestão dinâmica do que somos"

Drª Teresa Barbosa
3ª Feira: 10h30 - Início: 4 de Outubro de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Académico Futebol Clube, Um Século na Vida Portuense



Como já tiveram oportunidade de verificar falamos do último livro do Professor Helder Pacheco apresentado no dia 29 de Junho na Fundação Engº António de Almeida.

No prefácio, Francisco Ribeiro da Silva diz-nos:
Se a minha fonte de informação não me enganou, o presente livro é o 44º que Helder Pacheco publica em pouco mais de 25 anos. Este, para além de ser um dos mais volumosos (cerca de 520 pp) , julgo que é um livro diferente dos anteriores e igualmente marcante. Porquê? Porque o seu conteúdo é peculiar, novo e muito rico de informações e, por outro lado, porque pelas suas páginas desfilam centenas e milhares de pessoas que não são apenas figurantes mas actores, verdadeiros construtores do Académico Futebol Clube, uns em cargos de direcção e de trabalho administrativo mas muitos mais como atletas das múltiplas modalidades. Muitos deles felizmente ainda estão vivos e poderão reencontrar-se consigo mesmos no livro. Mas tendo o Clube completado cem anos, é natural que outros já tenham partido. Destes resta a Glória e a Saudade mas sobretudo a Memória que assim fica perpetuada.

E sobre o que mais lhe chamou à atenção podemos ler:

1ª) Este livro confirma-nos a ideia da enorme generosidade dos homens do Porto e da sua fantástica capacidade de dedicação a grandes causas. Neste caso é o desporto, ou melhor, é criação e a manutenção secular de uma Associação cuja finalidade foi e é a promoção do homem e da mulher através da prática desportiva. O objectivo primário e prioritário da formação e da educação da juventude através do desporto, nas suas diversas modalidades, é persistente e reassumido ao longo das dez décadas retratadas neste livro e das gerações de dirigentes que se sucederam, sendo verdadeiramente uma marca da instituição.
Esta capacidade bem portuense de entrega a uma causa, em rigor não é para mim uma novidade. Estudioso (recente) das Irmandades e Ordens Terceiras, não me faltam aí bons exemplos desse altruísmo. Mas nas Ordens e Irmandades há uma motivação de raiz religiosa e, por isso, essa generosidade será, de algum modo, espectável. No caso deste Clube, como no caso da Associação do Hospital de Crianças Maria Pia (cujo estudo me ocupa presentemente), a motivação é puramente humanista e humanitária. (…)

2ª) Percebi ainda que no Académico sempre se incrementou, valorizou e premiou o sucesso desportivo, mas nunca ninguém exigiu a vitória a qualquer preço. E quando acontecia que os atletas se portavam de forma indisciplinada dentro de campo, não raro o castigo imposto pela Direcção era mais pesado do que o das autoridades desportivas.
Ou seja, o fanatismo cego e avesso à ética que não olha a meios para atingir os fins, não consta dos anais da história secular deste Clube e, por certo, não consta do modo portuense de estar na vida. Permitam-me que valorize aqui um documento da direcção que preparou e projectou a época de 2007/2008 (e as seguintes). Porquê? Porque nesse documento se aponta como objectivo principal o aumento da qualidade da formação dos atletas, incluindo princípios exigentes de conduta pessoal e de bom desempenho escolar.

3ª) Por outro lado, o Académico foi uma Associação sempre aberta à sociedade e disponível para ceder as suas instalações desportivas, independentemente do credo político ou religioso de quem as solicitava e até a clubes rivais. Se muitas vezes cobrou alguma compensação, como era compreensível, dado o estado sempre precário das finanças internas, frequentemente a autorização foi dada a troco de nada. (…)



 Academico Futebol Clube 1948


Por outro lado, o Académico colaborou à sua maneira com instituições de solidariedade social, ora abrindo as suas portas aos miúdos desprotegidos que os Asilos acolhiam, ora promovendo a angariação de fundos para obras de solidariedade ou de utilidade social. Cito entre outras o Asilo de São João, a Maternidade de Júlio Dinis, a Colónia Infantil do Jornal «o Século», (organização de um desafio de futebol Porto-Arsenal), as vítimas das cheias do Douro, a liga contra a tuberculose, a liga contra o cancro e até apoio à «Finlândia Mártir» como se dizia na época em cujo favor o Académico organizou um Porto-Benfica.
Disponibilizou repetidamente à Universidade do Porto os seus pavilhões, o seu estádio, as suas pistas de atletismo. Isto antes e depois de ter sido construído e inaugurado o Estádio Universitário, em 1953. Aliás, ainda recentemente, as Faculdades de Economia e de Engenharia recorreram ao Pavilhão do Académico, porque, na verdade, a Universidade carece ainda de espaços para a prática desportiva.

 4ª) As relações do Académico com as instituições públicas e privadas preenchem muitas linhas deste volume, como era de esperar. De entre as privadas, sobressai a Santa Casa da Misericórdia do Porto cuja presença constante flui do arrendamento da Quinta do Lima, em 1923, e do aluguer do Palacete em 1927, que haviam sido doados em 1919 à Santa Casa pela benfeitora Luzia Joaquina Bruce, uma senhora brasileira, natural do Maranhão, companheira e herdeira de João António Lima, (+1891), brasileiro rico de torna-viagem que deu o seu nome à Quinta, ao estádio e à Rua que o ladeia pelo norte. (…)

Mais uma página da historia da cidade em forma de livro das mãos do Prof. Helder.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fotografia - Exposição do Prof. Jorge Rego



"e nisto um estalido e devoram-nos, a tal
órbita mecânica engole-nos de súbito,
passamos, como os mortos, para
um quadro de papel onde não somos nós
continuando a ser nós, onde nos tornamos
uma cara sem tempo ou um sorriso
que não pertence a ninguém
(eu não sorrio assim)"

António Lobo Antunes



Exposição do Prof. Jorge Rego, de 11 Julho a 30 Setembro nas instalaçãoes do instituto Cultural D. Antonio Ferreira Gomes




FOTOGRAFIA

ANTES DE SER UMA TÉCNICA A FOTOGRAFIA É UMA ARTE E COM ELA PODEMOS, PARA ALÉM DE REGISTAR IMAGENS ORIGINAIS, ORGANIZAR MONTAGENS E EFEITOS QUE REPRESENTAM OUTRO MODO DE EXPRESSÃO.
A FOTOGRAFIA É O NOSSO MODO DE VER O MUNDO QUE É SEMPRE DIFERENTE DE CADA VEZ QUE A REPETIMOS.
O IDEAL E FUNDAMENTAL É SABER ORGANIZAR O NOSSO ESPAÇO VISUAL QUANDO FOTOGRAFAMOS.
OS NOSSOS "DISPAROS" SÃO INOFENSIVOS E MOSTRAM SEMPRE OS NOSSOS SENTIMENTOS AO OBSERVAR O OBJECTIVO A FOTOGRAFAR.
DEPOIS PODEMOS REINVENTAR UTILIZANDO O MÉTODO DE COLAGENS E DESTE MODO ESTÁ A COMEÇAR AQUILO A QUE CHAMAMOS CONCEITOS.

JORGE REGO

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Pinheiro Manso, um texto de Cesário Costa



Quem percebeu a importância de uma árvore não a cortou.
Maria de Sousa, Porto, Cidade de Ciência



- Se Chaufer, pare no Pinheiro Manso, faxabor!
- Ande lá, Miquinhas! Qualquer dia só a deixo ficar nos Carvalhos! - intimidou, bem-disposto, o Sr. Ramalho.
- Tá bem, tá! SerAdão, ajuda-me na giga?
O cobrador segurou o malote de couro que trazia a tiracolo, prendeu o alicate na aselha e guardou, junto ao dinheiro, os bilhetes multicores. Num ápice, depois de a desprender do trinco, desdobrou a escada. E já em cima do tejadilho, perguntou:
- A sua giga é esta dos frangos ou a outra, das couves?
- São as duas, rapaz! Já nem ta lembras, valha-me Nossa Senhora! A outra é um cesto, qual giga?!
Cinco e meia de uma tarde quente de Julho. A mulher chegava a Mafamude, depois de ter vendido quase todos os seus produtos no mercado do Bolhão. À cabeça, dois ou três galináceos esfalfados, espreitando estupidamente da jaula ambulante, cesto vazio no braço, atravessou a avenida e dirigiu-se para os lados de Paço de Rei.
Da mesma camioneta, saiu também o Sr. Guedes, joalheiro estabelecido em Entreparedes. Morava ali, no Pinheiro Manso, mais ou menos a meio da Rua de D. Pedro V. Muito respeitado e respeitador, segurava o bico do chapéu, fazendo menção de o tirar, sempre que cumprimentava alguém.
Eu trabalhei lá, na oficina dele, quando era catraio. Uma vez, ao fim do dia, pediu-me:
- Quando fores para casa, leva esta garrafa de gás e sais no Pinheiro Manso. Entrega-a no 2.º andar do prédio da esquina da Rua do Parque da República, com a Avenida, mesmo em frente ao Cine-Teatro de Gaia. Sabes onde fica?
Jamais esquecerei este episódio, por dois motivos: primeiro, porque meu tio se esqueceu de dar dinheiro para a camioneta (o passe mensal que eu tinha iria ser trincado duas vezes) e, segundo, porque chovia muito e abriguei-me, o mais que pude, sobe a copa do Pinheiro Manso, até que passasse outro carro que me levasse a casa.
Por essa altura, em 1958 ou 59, conheci alguns rapazes do Porto. Um deles era da Sé. Cantava como o Joselito (La Campañera) e chegou a actuar no “Festival” que se realizava aos domingos de manhã no Teatro S. João. Quem ficou com o título de «Joselito do Porto» foi outro, também da Sé. Mas, na minha opinião, o Lobo cantava muito melhor. O Valente era lá de baixo, da Ribeira. Nadava como eu nunca tinha visto. Uma vez, combinámos passar a tarde de um domingo (todos trabalhávamos e só aos domingos é que podíamos desfrutar de algumas brincadeiras) no Monte de Santo Ovídio Velho (monte do volfrâmio), no Alto das Torres. Em uma das bases do monte, no lado de Vilar do Paraíso, havia uma represa (Presa das Senhoras) onde tomámos banho. Não adianta dizer se nadávamos nus. Importa referir é o momento em que o Valente entrou na água: todos os outros se retiraram, como patos marrecos sacudindo as asas. De cá para lá e de lá para cá, com reviravoltas mirabolantes, aquele «Gineto» pôs tudo de bico aberto, a admirar os seus dotes natatórios. E na categoria de «Mariposa»?…
Um desses amigos morava num bairro das Fontainhas. Algumas vezes almocei em sua casa. Ambos trabalhávamos no mesmo prédio, em Sampaio Bruno, onde tinha engraxadores à porta. À meia-hora ele ia a casa e eu ao Largo do Actor Dias, buscar o baú, que vinha de Gaia na camioneta.
- Em vez de comeres nas escadas do prédio, vens a minha casa e comes à mesa co’a gente! - disse ele um dia.
A partir daí almocei sempre acompanhado durante algum tempo. Era agradável comer naquela sala, naquela casa de operários, naquele bairro sob a Alameda das Fontainhas.
Sabíamos que, em determinado domingo, o filme que iria passar no Parque das Camélias era um “barrete”.
- Marcamos encontro e vamos ver uma boa coboiada no Cine Teatro de Gaia! - sugeri eu à malta do Porto.
- Bacano! E como é que vamos para “marrocos”? - gracejou outro.
- Se fores na camioneta, pedes para sair no Pinheiro Manso. O Cinema é em frente. Também podes ir no eléctrico, o 13, é mais barato, mas tens que sair na Câmara e caminhas aquele bocado, até ao Pinheiro Manso. Ou, então, vais a pé, que é de graça, meu murcão!
Naquela tarde, lá estávamos todos no Pinheiro Manso.
- Como vieram? - perguntei.
- Atrelados no eléctrico! Como é que querias? - responderam.
- A lotação p’rá Geral está esgotada! Tenho também para o 2º Balcão, que está a acabar, quantos bilhetes querem?!
Comprámos os lugares ao candongueiro, inflacionados, mas valeu a pena ir ao saudoso Cine Teatro de Gaia ver o filme.
Depois de tanta regueifa doce vendida, sob aquela árvore, nas Festas de S. Gonçalo, dos tantos dias 10 ou domingos seguintes de Janeiro de cada ano; depois de tantos encontros e de tantas passagens de autocarros, onde o Pínus Pínea serviu de referência aos tantos passageiros que ali saíram; depois de tantos ninhos feitos, naquele pinheiro, pelas tantas gerações de pássaros; depois de tantos anos de sombra proporcionada aos caminheiros que tantas vezes ali paravam para descansar um pouco; depois de tantas histórias que tantas páginas de um livro não chegaria para as descrever, alguém se lembrou que, ali, o que ficava bem era um caixote, como tantos outros, da mesma Avenida, com não sei quantos andares! Tanto fizeram e não fizeram, naquele local, até que o imponente Pinheiro Manso, da Avenida de Gaia, desapareceu. Vestígios dele ainda lá se encontram, é certo, o fóssil também (um pouco mais para dentro), mas que nem para banco de jardim serve. E nem os bichos-de-conta o querem para se esconderem da luz. Está protegido por arames de obras de construção civil e ornamentado de ervas e outras plantas de geração espontânea.
Diziam: «A árvore está doente, tem que vir abaixo!»
O povo não deixava. Então resolveram deixar construir, à volta do Pinheiro Manso, um horroroso pré-fabricado, para uma empresa de comércio de flores. Esgalharam-lhe alguns ramos, para justificar que estava podre, puseram-lhe cimento para servir de chão ao estabelecimento e, depois, porque aquele emplastro, que os munícipes não deixaram derrubar, estava a atrapalhar o negócio ou por medo que «um dia a casa vai abaixo», desistiram e foram vender flores para outro sítio.
Mais tarde o Pinheiro Manso ficou outra vez só, agora triste, sem o antigo muro, à frente, a embelezá-lo. Apenas entulho em volta e cimento a amarfanhar-lhe as raízes, mas estava lá: firme!



Vieram novamente, de um lado, os inteligentes para o derrubar e, do outro, os «abaixo-assinados» para o defender. Até que numa noite, à traição, aproveitando o adormecimento, pelo cansaço, da vigília, o degolaram e esquartejaram.
Quando por lá passei, de manhã cedo, a seiva ainda jorrava, borbulhante, para que o povoléu visse com quantas linhas se cosem os energúmenos.



Ao cabo de dois, três anos, retiraram os vestígios do massacre, as ossadas. Deixaram apenas um resto de tronco, embalsamado, para o povo ver que ali havia uma árvore centenária com história: o Pinheiro Manso da Avenida de Gaia. E saber que nem todas as árvores morrem de pé.

Cesário Costa